10 maio 2012

Alentejo, anos 50. Memórias - 1º parte.



Naquela altura (anos 50), apenas a minha mãe e o meu padrasto, já sabiam ler, logo quando alguém queria escrever uma carta, ou ler alguma notícia, deslocavam-se até à nossa casa. Para além disso éramos os únicos com telefonia, e por vezes a casa enchia-se de gente ávida por ouvir a rádio. Recordo-me do episódio, ocorrido nos anos 60, em que o Henrique Galvão, roubou o barco “Santa Maria”, e da enchente de gente que chegou para ouvir a notícia.
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Perto da Herdade da Terça, junto à estrada de acesso a Alcácer do Sal, existiam duas tabernas e uma mercearia, local onde nos íamos abastecer de todos os bens necessários. Este local era conhecido por “Estalagem de Alberges”, e era ai onde se realizavam as festas, bailes, e até mesmo circos, frequentados por todos os habitantes dos montes vizinhos.
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A Herdade era também povoada, no período de Inverno, por gente vinda do norte do país, para efectuarem trabalhos de cava das lamas. Estes trabalhadores chegavam em Outubro, e partiam para as suas terras em Junho. A maioria chegava sozinho, apenas quem trazia a família, era o homem que os chefiava, denominado de “moiral”. Tinham hábitos diferentes dos nossos, e tomavam as refeições ao ar livre, através da utilização de grande caldeira de cobre, suspensa por um ferro, onde por baixo da mesma era efectuado lume, para a cozedura dos alimentos. Também faziam o seu próprio pão de milho, pois não gostavam do nosso que era elaborado à base de trigo.

      D. Maria Edviges, assistente operacional

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A foto retrata as costureiras da aldeia de S. Cristóvão, Montemor-O-Novo, nos anos 50.
A menina é a autora destas memórias.

4 comentários:

  1. Acho um encanto estes relatos acompanhados de fotos dos idos tempos! Quanta história!!

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  2. É verdade...quanta coisa que de outra forma se perde...
    Obrigado pela passagem.

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  3. Felicidades por tan magnífica colección de fotografía de época, a mi me encanta las fotografías con color a añejo.
    Un abrazo.

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