31 maio 2010

A Guerra ao longe - Portugal,anos 40


Numa tarde, de regresso a casa e a propósito de algumas fotografias, tive uma conversa com o meu avô acerca das dificuldades que vivera na sua infância por causa da II Guerra Mundial. São algumas das suas recordações desse tempo que transcrevo aqui.
“A vida nessa altura era muito difícil por vários motivos. Falta de empregos, de alimentação… a distribuição dos alimentos era controlada pelo Estado e só se podia ir às mercearias, certas lojas e padarias comprar aquilo que era indicado nas senhas que nos eram distribuídas, de acordo com o número de pessoas da família. Tudo isto deu origem ao mercado negro, que vendia por fora as coisas que nós precisávamos. Mas para isso era preciso dinheiro e muitas das pessoas não tinham, só os mais ricos


Salazar vendia os alimentos que nos eram necessários aos países que estavam em guerra, jogava dos dois lados.
Portugal era um centro de espionagem, no Estoril, Sintra, Cascais, Lisboa. Lembro-me também das minas de volfrâmio, que era um minério indispensável para fazer armas e Portugal ganhou muito com a exportação desses materiais.
Lembro-me também de quanto era difícil arranjar petróleo para os candeeiros, e como os meus pais se viam aflitos para o conseguir comprar. Para fazer comer tinham de usar serradura que se vendia em muitos sítios e punha-se no fogão para fazer lume.”

Mafalda Rydin, 9ºB

3 comentários:

  1. A propósito desse tempo, está aí um filme chamado "Fantasia Lusitana" que recomendo.

    Este blog, este trabalho de facto, interessa-me muito. É o que tenho feito profissionalmente nos últimos anos.

    UMA BOA TARDE

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  2. Obrigado pela pista pela visita e pelo interesse.
    Um abraço
    JMV

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  3. Lembro-me também do meu avô me contar essas hisstórias das senhas. Mas como vivi no algarve as coisas lá eram diferentes. O pai era pescador, portanto comida nunca faltou. O meu avô foi enfermeiro e ainda é vivo e de boa saúde... mas as suas histórias são sempre bem vindas e bem vividas.

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